Somos seres expressivos por natureza, tendo por isso mil e uma formas de expressão. Porém, nem sempre expressamo-nos como gostaríamos ou a nossa forma de expressão não é das mais salutares. Assim sendo, este mês, na Newsletter Sentir Saúde, Sentir Prazer, dedicamos mais atenção a este tema com os artigos: - Expressividade Emocional Através da Arte - A Expressividade e o Círculo - Os Arquétipos do Centro da Expressão Criativa - A Postura do Leão. Para ler os artigos basta clicar no botão que diz Newsletter. Sinta Saúde, Sinta Prazer
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Mente e Coração parecem entidades distintas, contudo
inter-relacionam-se muito mais do que possamos imaginar, ao ponto de emergir na saúde áreas como a Psicologia Cardíaca e a Neurocardiologia. Ao nível psicofisiológico, essa interligação profunda entre Mente e Coração é passível de se observar em contextos nos quais ocorra um evento que provoque um impacto mental intenso e, consequentemente, uma alteração do ritmo cardíaco, o que, por sua vez, provoca mudanças no sistema nervoso, afetando o humor e o comportamento do indivíduo. Mente e Coração simplesmente não conseguem ser imparciais em relação ao que sobrevém. (Allan & Fisher, 2003, cit in Junqueira & Pina, 2017). Um exemplo, bastante ilustrativo verifica-se num inimigo comum a essas entidades: o Stress (Junqueira, 2015, cit in Junqueira & Pina, 2017). O Stress é um fenómeno que inclui factores biopsicossociais, os quais, se não forem superados, poderão provocar uma acumulação do stress no organismo, tornando-o crónico (Junqueira & Pina, 2017). De igual modo, as Doenças Cardiovasculares ilustram essa conexão intensa entre Mente e Coração. A Organização Mundial de Saúde declara que as Doenças Cardiovasculares são as principais causa de morte no mundo inteiro (OMS, 2015, cit in Junqueira & Pinho, 2017). Além de possuírem desencadeadores comportamentais - o tabagismo, o sedentarismo, o abuso de álcool e substâncias; ou físicos - obesidade, a diabetes ou a hipertensão arterial; também pesam na balança o tipo de personalidade, o isolamento social, a depressão, a ansiedade e o supracitado stress crónico (Rozanski; Blumenthal & Kaplan, 1999, cit in Junqueira & Pinho, 2017). Aferindo essa relação entre Mente e Coração e o seu impacto na saúde, houve um acréscimo de estudos indispensáveis nesse âmbito, emergindo no EUA a Psicologia Cardíaca. Trata-se de uma especialização dentro da Psicologia da Saúde que cuida de questões psicológicas relacionadas com as doenças cardíacas. Dessa forma, tem uma ampla e diversificada prática de intervenção que vai desde a prestação de auxílio dos pacientes com doenças cardiovasculares a desenvolverem, no pré-operatório, a resiliência e, no pós-operatório, auxiliam na reabilitação (Bellg, 2004, Junqueira & Pina, 2017). De igual modo, trabalham as mudanças de comportamentos e adoção de hábitos saudáveis; auxiliam na superação do impacto emocional causado pelo problema cardíaco; na reintegração em atividades sociais; e atuam no ensino da regulação emocional (Laham, 2008; Woottrich, 2015, cit in Junqueira & Pina, 2017). De igual modo, surgiu outra especialidade, no entanto, na área médica - a Neurocardiologia. Esta investiga relações entre aspetos neurológicos, neuroanatómicos e neurofisiológicos e as doenças cardíacas; cérebro, coração e sistema nervoso (Armour & Ardell, 2004, cit in Junqueira e Pina, 2017). Paralelamente à emergência dessas novas áreas na saúde, surge também a técnica de Biofeedback Cardíaco. Trata-se de uma técnica que combina métodos de relaxamento, respiração e visualização mental com um software de monitorização, que regista as sessões e que informa sobre o ritmo cardíaco através de gráficos e de escalas: verifica a alternância na taxa de batimentos cardíacos, faz a análise da variabilidade da frequência cardíaca e vai auxiliar a pessoa consciencializar-se do ritmo do seu coração, sendo que a partir daí e de um método de intervenção específico poderá reduzir nela estados de stress (Junqueira e Pin, 2017). Podemos concluir que para termos um coração saudável devemos tratar bem da saúde da nossa mente e cuidar dos nossos comportamentos. Por isso, sinta a sua essência e cuide bem de si. Referências Bibliográficas Junqueira, L. & Pina, M. (2017). A Psicologia Cardíaca e a interação mente-coração: novos paradigmas para a prevenção das enfermidades cardíacas e o tratamento psicológico de pacientes cardíacos.Psychiatry On Line Brasil, 22(3). Consultado online dia 16 de Outubro em https://www.polbr.med.br/ano17/art0317.php Imagem: Geralt do Pixabay |
Isabel Quinta FariaPsicóloga Clínica e da Saúde Categorias |