Quem é que nunca mentiu?
Em princípio, todas as pessoas mentiram alguma vez na vida, sendo a mentira bem comum no quotidiano. Por exemplo, já deve ter respondido que estava tudo bem consigo quando na realidade não estava. A despeito disso, a problemática da mentira não está na sua faceta “branca”, quando alguém responde o socialmente adequado, mas quando o seu impacto é nocivo para o próprio e para terceiros. E sim, existe uma perturbação mental inerente à mentira. Quando surge a primeira mentira? A mentira surge logo na primeira infância. No início a criança não sabe diferenciar a verdade da mentira porque também não sabe distinguir a realidade da fantasia. Por volta dos 3 anos descobre que as outras pessoas não têm acesso aos seus pensamentos e assim aproveita para testar o efeito das suas fantasias nos adultos através de histórias inventadas que conta como sendo reais. A partir daí é capaz de usar esse lado fantasioso para culpar outra pessoa por determinado incidente. A fantasia é extremamente importante para o seu desenvolvimento, mas é relevante que os pais ensinem a criança a diferençiá-la da realidade, bem como sobre os estragos e problemas que possa causar quando usada como mentira. Por volta dos 6 anos , a criança pode mentir por imitação dos pais ou para agradá-los, pois sabe que determinadas ocorrências podem irritá-los. Assim sendo, a partir dos 8 anos a criança sabe perfeitamente distinguir entre o que é verdade do que é mentira. Se a criança aprender desde o início que pode ser beneficiada por pequenas mentiras e se o ambiente que a rodeia é demarcado por elas, a tendência é que em adulto faça uso recorrente desse comportamento, pois aprendeu de forma distorcida que para se ter benefícios tem de mentir. Porque se mente? - Os benefícios podem ser maiores do que os riscos, ou a mentira não tem repercussões imediatas. Por exemplo, o namorado que trai mas não é apanhado pela namorada. - Por protecção para evitar a dor ou obter alguma coisa. Por exemplo, uma pequena mentira que a pessoa diz durante uma entrevista de emprego. - Por ser socialmente adequado. Trata-se da chamada “mentira branca” que não tem qualquer efeito negativo nos outros. Por exemplo, dizer que está tudo bem em casa quando encontra um antigo colega de trabalho, quando na realidade está tudo bastante caótico. Mentira como forma de chamar a atenção e mentira patológica A mentira pode ser usada por determinadas pessoas como forma de chamar a de atenção de outros ou como forma de preencher um vazio emocional, sendo que a mentira dará um certo “colorido” à sua vida pessoal, ao mesmo tempo que permite evitar a dor. Por exemplo, um idoso que está quase sempre sozinho em casa e mente para obter a atenção dos filhos e dos netos. Quanto à mentira patológica, esta é designada de mitomania. Trata-se de uma perturbação mental em que a pessoa mente compulsivamente para beneficiar ou prejudicar outros. Ela mente em relação às diferentes facetas da sua vida sem nunca se mostrar constrangida quando as suas mentiras são expostas. Nos casos mais graves pode ter dificuldade em distinguir o que é verdade do que é ficção.
0 Comments
|
Isabel Quinta FariaPsicóloga Clínica e da Saúde Categorias |